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Riba d'Âncora

Dia da Comunidade ribancorense
virado para a cultura

Tanto Miguel Alves, como Paulo Alvarenga, respectivamente presidentes da Câmara de Caminha e da Junta de Freguesia de Riba d'Âncora, reconheceram que as celebrações do Dia da Comunidade (dia 15/Agosto) desta freguesia neste ano foram direccionadas para a cultura.

Logo de manhã, durante a celebração da eucaristia na Igreja Paroquial, foi benzido o novo órgão do templo, momento aproveitado para que Ricardo Barroso Costa, um jovem ribancorense estudante de música na Universidade de Aveiro, o tivesse estreado com um concerto que foi deveras apreciado pelo pároco Manuel Joaquim e pelos fiéis, considerando como tal esse dia "um momento muito especial, com cultura", sublinhou o sacerdote.

Após a pintura de uma tela logo pela manhã, pelas mãos de miúdos da freguesia, orientada pelo artista Rego Meira, foram apresentados dois livros na sede da Junta de Freguesia, um (Tempos de Incertezas e Riscos) a cargo deste mestre artesão (pinturas e poesia fruto da inspiração nos tempos da pandemia), e um segundo (Altares das Almas do Concelho de Caminha) da autoria de Gabriela Oliveira.

"Sinto-me em casa"

Este Dia da Comunidade Ribancorense foi acompanhado de perto por Marina Gonçalves, natural do concelho de Caminha, secretária de Estado da Habitação, tendo assinalado que "estamos a contribuir para a comunidade", quer nas suas funções governativas, quer através das iniciativas das autarquias locais, como na que estava a participar.

A secretária de Estado seixense sublinhou ainda no decorrer da apresentação dos livros, que não é só nas inaugurações que ela está presente, recordando que ainda há um mês tinha estado nesta freguesia tratando de outros assuntos com a autarquia local e câmara Municipal.

Dia dedicado à "sementeira"

A aposta na cultura por parte da Junta de Freguesia mereceu uma insistência do pároco Manuel Joaquim, salientando que Paulo Alvarenga tinha o curso da "universidade da vida", porque "ele ama a sua terra", e, prosseguindo, assinalou que "este autarca vai fazendo obras nesta comunidade, ano após ano".

"Um livro que vai além da freguesia"

"O património intemporal" contemplado no trabalho de Gabriela Oliveira, abarcando não só Riba d'Âncora, como as demais freguesias do concelho de Caminha, mereceu uma apreciação positiva do presidente da Câmara, o qual destacou ainda a presença constante de membros do Governo nesta aldeia, levando-o a dizer com humor que "qualquer dia só falta realizar aqui um conselho de ministros".

Analisando as duas obras apresentadas no salão (qual palácio, mercê das inovações artísticas introduzidas pela mão de Rego Meira, natural de Anha, e Tomé Alves, natural de Freixieiro de Soutelo), Miguel Alves sublinhou que ambos "se cruzam", quer pelas "incertezas" geradas pela pandemia e retratadas nas páginas do seu livro, quer pelas "almas" ("tudo isto é uma incerteza", reforçou), levando-o a concluir que "viver a vida, é o único caminho".

Paulo Alvarenga e Rego Meira de mãos dadas

Enquanto se manteve inactivo devido à pandemia, Rego Meira referiu nesta apresentação que "fui publicando nas redes sociais desenhos e textos" que mereceram o agrado de muita gente que o incentivou a passa-los ao papel, o que acabou por fazer, embora só agora tivesse tido oportunidade de apresentá-lo publicamente por motivo das condicionantes impostas pelo Covid.

Este artista agradeceu as provas de afecto e apreço manifestadas por Paulo Alvarenga, assegurando que presentemente "apenas pretendo dar continuidade aquilo que nos deixaram", admitindo ainda que considerava Riba d'Âncora "a minha segunda terra", onde os os seus trabalhos foram fruto de "muitas dias a olhar para o tecto", daí a tendinite contraída, pormenorizou com humor sofrido, mas satisfeito com os resultados obtidos na sede da junta de freguesia, e nas instalações do rés-do-chão da sede do Conselho Directivo dos Baldios (inauguradas nessa tarde no antigo edifício mandado construir pelo Comendador José Bento Ramos Pereira, onde funcionou a escola primária).

"É de todo o concelho"

O destaque que Riba d'Âncora vai arrecadando no contexto nacional começa a ganhar corpo no seio da própria comunidade situada junto ao rio Âncora, conforme realçou Gabriela Oliveira, ao abrir a sua apresentação do livro sobre os "Altares das Almas do Concelho de Caminha".

"Longe vai o tempo em que a Fina d'Armada pedia à professora que indicasse no mapa onde ficava Riba d'Âncora", assim se exprimiu a autora do livro, só possível de editar graças ao apoio da Junta de Freguesia e Conselho Directivo dos Baldios, observou, nomeadamente "nestes dias em que o livro é esquecido".

Sublinhou "a crença muito viva" e arreigada na região, em referência às almas do Purgatório.

Homenagem a condutor das crianças da freguesia

Há já anos, que Manuel Pereira, um ribancorense por adopção (com muito carinho) vem concedendo o seu contributo desinteressado ao transporte das crianças desde suas casas até à Escola de Vila Praia e regresso, além de outras viagens de recreio, o que levou a autarquia local a dizer "obrigado por tudo aquilo que fez sem pedir nada em troca", realçou Paulo Alvarenga a abrir as cerimónias e inaugurações na parte de tarde, depois de um convívio realizado no Parque de Lazer dos Baldios de Riba de Âncora.

"É um ribancorense!", insistiu o autarca, ao ser entregue uma oferta a este altruísta, da parte da Associação de Pais, após o que foi descerrada uma escultura colocada à entrada do Núcleo Museológico de Riba d'Âncora, da autoria de um artista do concelho, escultor e artista plástico: Gonçalo Martins, num "regresso à terra que me viu nascer". O escultor explicou que a peça "representa uma escola, com o noção do próprio passado", agradecendo à Junta de Freguesia a oportunidade concedida.

"Ia buscar os miúdos à porta de casa, pontualmente e sempre com um sorriso", durante mais de 10 anos, de "voluntariado impecável", sublinhou a representante da Associação de Pais ao entregar-lhe um relógio de Fátima, em cuja face anterior tinha inscritas a frase:" Meninos Hoje, Homens amanhã. Obrigado senhor Pereira". Dada a sua faceta sportinguista, foi-lhe ainda oferecida uma t-hirt com as cores verde e branca, com o Nº 1 aposto nela, após o que foi apresentado um conjunto de fotografias com o grupo de crianças transportadas nos últimos tempos.

"Todos ficamos a ganhar"

O Conselho Directivo dos Baldios de Riba d'Âncora foi representado pelo vice-presidente João Gonçalves antes da inauguração e bênção do Centro Interpretativo de Gesso Artístico e Fingidos, resultado do aproveitamento da sala de entrada da antiga escola primária para local de reuniões e assembleias gerais dos Compartes dos Baldios, sobressaindo os estuques artísticos e fingidos, trabalhos dos dois artistas referidos. Numa sala interior, funcionará a sala de reuniões da direcção, já deviamente equipada, após o restauro realizado pelo CD dos Baldios.

Este responsável pelos Baldios sublinhou ainda o apoio financeiro concedido pela Câmara Municipal, Junta de Freguesia e Conselho Directivo, perante uma ideia de Paulo Alvarenga, simultaneamente presidente dos Baldios e da Junta, que reuniu os dois artistas (Tomé Alves e Rego Meira).

A importância do ensino destas artes de restauro, fingimento e estuques foi destacada igualmente pelo pároco Manuel Joaquim, fazendo votos para que esta obra de arte se torne "um atractivo para quem quiser aprender com os senhores Tomé e Rego Meira", levando-o a manifestar a sua felicidade "por haver vida nesta comunidade", a par de reconhecer a importância do retorno a "estes contactos, porque estávamos ansiosos, depois de tanto tempo de pandemia", o que o levou a voltar a felicitar a Junta de Freguesia pela iniciativa.

"Hoje celebramos cultura"

"Foi em 2013 que fizemos a primeira obra, aqui, e a partir daí nunca mais paramos", frisou Paulo Alvarenga, em consonância com o presidente da Câmara, que "não vem cá só para as inaugurações". O autarca agradeceu igualmente "a disponibilidade dos trabalhadores camarários" no restauro deste edifício "emblemático para Riba d'Âncora", o qual voltou à posse da freguesia após seis anos de luta, recordou.

Paulo Alvarenga destacou ainda as dificuldades que enfrentaram para ter tudo pronto a 15 de Agosto ("os senhores Tomé Alves e Rego Meira nem paravam para comer…", observou), mas "como também soubemos unir-nos para ajudar o pequeno Dinis (em referência às campanhas encetadas para apoiar um miúdo com deficiência)".

A concluir as suas palavras, Paulo Alvarenga exclamou: "Isto, meus amigos, é a freguesia de Riba d'Âncora!".

"O que cumpre é agradecer nesta Dia da Comunidade"

Celebrando a individualidade de cada pessoa e agradecendo a presença de tanta gente, Miguel Alves, presidente do Executivo caminhense, não esqueceu a presença de Marina Gonçalves, uma governante apostada na promoção da habitação pública concelhia, nem a do pároco da freguesia, CD Baldios e Junta de Freguesia.

O autarca, falando neste acto em que os trabalhos dos alunos do curso de pintura foram apresentados, saudou "a dádiva preciosa do senhor Pereira sem nada pedir em troca", apresentando-o como "um exemplo enquanto serviço público", garantindo ainda que no início do próximo ano lectivo, estará inaugurada a nova Escola Básica de Vila Praia de Âncora.

O autarca caminhense recordou que a primeira visita realizada a Riba d'Âncora a pedido do presidente da Junta, não correspondeu a qualquer necessidade de obras, mas simplesmente para aceder a um pedido do novo autarca da freguesia, que pretendia recuperar uns livros do século XVII que se encontravam a apodrecer nos baixos do edifício da junta. Este pedido foi aceite, os livros mereceram um tratamento especial e após a sua recuperação foram devolvidos à freguesia. Assinalou ainda que a sua primeira inauguração feita em Riba d'Âncora tinha sido a do Núcleo Museológico.

Classificou tudo isto como "uma sementeira de cultura", mercê da iniciativa de um autarca que "trabalha em equipa com a Câmara Municipal", assim queiram todos demais fazer o mesmo, acentuou.

Insistindo que Riba d'Âncora se encontra "no mapa nacional", Miguel Alves revelou que "há ainda muito a fazer" nesta freguesia.

"Este é um trabalho colectivo"

"Valorizar o futuro para uma comunidade melhor", foi a mensagem deixada por Marina Gonçalves, secretária de Estado da Habitação Social, porque, justificou, "só assim podemos viver colectivamente".

A governante, natural de Seixas, reconheceu que "somos ricos culturalmente", constituindo Riba d'Âncora uma referência nacional, porque "soube crescer do ponto de vista colectivo" e receber e fixar aqui as pessoas, frisou, apontando-a "como um exemplo para a minha função governativa".

Os trabalhos de pintura expostos em frente de Escola do Comendador, deverão ser leiloados ao longo dos próximos tempos, mas a pintura do alunos da freguesia foi adquirido na altura por uma técnica camarária presente.

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