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"Mordomos/Mayordomos" no Museu Municipal

"Projecto vive da visão dos dançarinos caminhenses", Cristina Rodrigues

"Levar o nome de Caminha bem longe", Miguel Alves

"Há ainda muito a aprender da tradição", Mateo Feijóo

Cristina Rodrigues, artista plástica, natural do Porto, aceitou um desafio lançado pela Associação Cultural Espanhola que se encontra a levar por diante um projecto cultural ("Mayordomos", aportuguesado para o título português de "Mordomas") em 9 comunidades autónomas sobre "danças rituais no Caminho de Santiago", levando os seus promotores a endereçar-lhe um convite para representar alguns territórios na Andaluzia e Estremadura.

Segundo a autora de uma mostra patente no Museu Municipal até final de Setembro, "a figura da mordoma é representativa em Caminha - sendo figurativa, como representante da cultura minhota - e o "mayordomo", em Espanha, significa quem os ensina a dançar".

Filme de 40' no auditório do Museu Municipal

Este projecto contemplou um filme de 40' que é exibido no auditório enquanto esta mostra decorrer, no qual são entrevistados diversos integrantes de ranchos folclóricos do concelho de Caminha, dando as suas ideias sobre a dança minhota e as razões que os motivaram a aderir a estes grupos, muitos deles desde a infância, realçaram.

A autora do projecto português insistiu que a palavra "mordoma" equivale ao "traje e à sua representação de Caminha", desde "a lavradeira até outros mais festivos", razão da escolha deste título dado ao evento, no intuito de "fazer da mulher o tema central deste projecto".

Acentuou que "este trabalho vive muito da entrevista e não uma representação histórica, mas sim contemporânea, razão pela qual o documentário vive da entrevista de todos os grupos etnográficos do concelho de Caminha, à excepção de um por não ter tido oportunidade de participar".

A exposição, acentuou Cristina Rodrigues, "é uma representação quase que etérea da figura do bailarino", constituindo "uma visão contemporânea apoiada nas visões dos próprios bailarinos", concluiu.

"Um projecto de Caminha e do Caminho (de Santiago)"

No acto da inauguração da exposição simbolizando a dança tradicional minhota e da exibição do documentário pelo qual desfilam figuras conhecidas do folclore concelhio, Miguel Alves, presidente do Município, acentuou a relevância deste projecto co-financiado por fundos europeus dentro dos Caminhos de Santiago (vincadamente acentuados pelos entrevistados que os percorreram ou deles possuem conhecimento preferencial) neste Ano Jacobeu.

O autarca revelou que tinha sido "desafiado para este projecto" pela autora, - "uma artista consagrada", confirmou - "e desde logo abracei a possibilidade de trabalharmos em conjunto", atendendo a que são, acentuou, "projectos como este que necessitámos para Caminha e que trazem o élan de que precisamos na abertura à nossa comunidade e àqueles que nos visitam".

O curador espanhol desta iniciativa, Mateo Feijóo, que superintende a este projecto, mereceu também uma referência especial por ter conseguido juntar nove comunidades autonómicas espanholas "ao contacto que os peregrinos têm ao chegar ao concelho de Caminha", nomeadamente neste Ano de Jubileu assinalado agora devido à pandemia, o que obrigava Caminha "a celebrá-lo de forma diferente".

Depois de Caminha (a exposição estará patente até final de Setembro, repisamos), esta exposição seguirá para a Andaluzia e Madrid, incorporando o seu nome nessas regiões, vincou.

O autarca aproveitou a oportunidade para enaltecer o trabalho que tem vindo a ser realizado neste concelho, no caso através da artista e do curador da exposição, "relacionado com a nossa cultura, dançada, cantada e trajada" representada pelos seis grupos folclóricos que aceitaram participar.

Associando esta vertente cultural aos Caminhos de Santiago, Miguel Alves concluiu que "acabamos por estar a fazer o Caminho".

"Continuar a fazer percurso (cultural)"

Qualidade, celebração do Caminho de Santiago e oferta cultural são as três vertentes primordiais deste projecto, contribuindo para que Caminha possua "pergaminhos" consagrados e apreciados pelos visitantes, apontando seguidamente as obras concretizadas e os trabalhos conjuntos com as escolas, juntamente com outras programações, dando como exemplo a presença ainda neste verão/outono, de Sérgio Godinho, de igual modo curador de outra iniciativa.

As parcerias com o Museu Soares dos Reis e com Serralves, permitiu trazer a Caminha alguns dos artistas mais consagrados, embora alguma oposição tivesse evidenciado a sua ignorância ("quem são esses?", teria perguntado) sobre o prestígio e valor de nomes como Júlio Pomar, Julião Sarmento ou Cabrita Reis durante um debate num órgão autárquico, disparou Miguel Alves. Perante a ignorância evidenciada por essa força política, Miguel Alves concluiu que "isso nos obriga a fazer muito mais", garantindo, por isso que "vamos continuar".

"Capacidade e inteligência" da equipa do Museu Municipal e dos trabalhadores camarários que tornaram possível a montagem da exposição, foram enaltecidas pelo presidente do Executivo, sem esquecer os representantes dos grupos folclóricos que enriqueceram o documentário e que "fazem cultura no nosso concelho há muito tempo".

"As caras de todas as pessoas que deram voz a esta narrativa"

Estes agradecimentos foram subscritos por Cristina Rodrigues, particularmente aos que deram voz, conhecimentos e opiniões pessoais sobre a realidade da dança e canto do Alto Minho, no caso, do concelho de Caminha, após o que citou, um a um, todos eles.

Todos estes contributos, fizeram deste filme "um sucesso", vincou ao C@2000, não esquecendo os trabalhadores do Museu Municipal de Caminha, levando-a a exprimir a sua admiração pela entrega de todos a este projecto e "a forma como me acolheram", terminando a agradecer ao curador pelo convite que lhe endereçou para filmar todos esses rituais das danças e cantares desta região, uma situação que nunca lhe tinha passado pela cabeça, reconheceu.

"Cultura ibérica une todas estas comunidades"

Este "desafio" permitiu-lhe ainda "aprender com todos vocês", levando-a à conclusão que "a cultura da dança é uma coisa libertadora para as pessoas, quer seja na Extremadura, na Andaluzia ou no extremo norte da raia portuguesa".

"Resgatar a memória"

Mateo Feijóo, por seu lado, alertou que a responsabilidade cultural e "a possibilidade de cultivar diálogos" passa pelo empenho dos políticos e das pessoas, porque "há ainda muito que aprender da tradição". Elogiou a entrega e capacidade de Cristina Rodrigues neste trabalho, "o que tornará fácil para mim apresentar este projecto em vários lugares", face à universalidade e leveza do discurso narrativo conseguido, nomeadamente ter-lhe permitido "estar muito próximo de Portugal".



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