O edifício do antigo Jardim de Infância de Venade, localizado no Largo do Socorro, voltou a abrir as suas portas na manhã de ontem, de modo a permitir a apresentação do plano de obras na rede de saneamento e abastecimento de água em quatro freguesias: Venade/Azevedo, Moledo, e Âncora.
Esse momento serviu igualmente para que fosse assinado o auto de consignação da empreitada, por parte da Empresa de Águas do Alto Minho, Câmara Municipal de Caminha e a Baltor, a empresa vencedora do concurso lançado pela ADAM (Águas do Alto Minho), após o que foi iniciada a obra, precisamente em Venade, com a presença de autarcas de freguesia, da câmara e respectivos técnicos municipais, da ADAM e da Baltor.
Segundo revelou o engº Carlos Martins, um dos administradores da ADAM, após um período de adaptação e preparação do funcionamento desta nova empresa gestora das redes de água e saneamento, prevêem investir 33 milhões de euros no sete municípios aderentes, como será o caso de Caminha, onde estimam gastar 13 milhões para que 40% da água que se perde através de condutas deterioradas antes de chegar aos clientes, seja recuperada pelo menos em 20%, "nos próximos cinco anos".
Este gestor anunciou ainda que serão investidos 600.000€ no concelho de Caminha em equipamentos, reservatórios e instalação de uma rede de telegestão à distância que detecte rupturas nas canalizações.
Carlos Martins frisou que nestas quatro freguesias caminhenses (embora Venade e Azevedo tenham sido agregadas numa só), serão beneficiados 535 fogos, equivalendo a um benefício para 600 pessoas.
"Prenda de Natal 2021"
Trata-se de um investimento de dois milhões de euros em 14 km de saneamento e 1,5 na rede de águas, designadamente em Moledo, na parte central da freguesia (Felo e Águas de Infrói).
Estes projectos suportados financeiramente no programa comunitário "Proseur" deverão ficar concluídos até final do próximo ano, com um investimento de 673.000€ em Venade e Azevedo; 638.000€ em Âncora (Laboradas) e 126.000€ em Moledo.
O responsável pela ADAM admitiu que as obras irão criar algumas "incomodidades iniciais" aos moradores, pelo que apelou a "um trabalho em equipa" entre as três entidades envolvidas, garantido que podem "contar connosco" para que "a prenda da Natal" surja no final de 2021.
"Um dia, a pandemia vai passar"
"Apesar da pandemia, a vida tem de continuar", afiançou na ocasião Miguel Alves, presidente do Município caminhense, neste espaço (antigo Jardim de Infância) que, segundo ele, possuía "um valor associado à obra que vamos fazer", por ter sido uma escola que definiu como de "futuro e crescimento", tal como esta empreitada representa.
"Fiquei feliz que tenha ganho" o concurso
Insitindo no momento difícil que a comunidade atravessa, o autarca vincou que "há gente a trabalhar" e que dessa forma garante emprego e que "deve ser dinamizado", como sucede com a empresa construtora da EBS de Caminha e também da EB1 e sede da AMFF em curso, o que lhe permite "contratar pessoas do concelho" e movimentar as empresas de venda de material de construção aqui instaladas.
Por tal motivo, Miguel Alves considerou que somos o concelho que mais resistiu ao desemprego" por intermédio destas obras, com a garantia de que "um dia, a pandemia vai passar", mas, acrescentou, "nós não esperaremos que ela passe", ao actuarem "já", após o que elencou obras em curso no concelho de Caminha.
"Isto é uma estratégia"
Reportando-se aos dois milhões de euros a investir na instalação das redes de água e saneamento, recordou que Azevedo não tinha um centímetro de rede esgotos e que ficará praticamente coberta após a conclusão desta obra, com excepção de algumas casas mais isoladas. Igualmente Venade necessitava de expansão desta rede.
Referindo-se a Âncora, apesar do muito investimento já feito nesta área, tinha sido um freguesia "vilipendiada durante anos", dando como exemplo a instalação da ETAR, mas "nada mais se fez", lamentou.
Em referência a Moledo, "no coração da freguesia" ainda não existia rede de águas, apesar de ser considerada uma das freguesias mais turísticas do município, acentuou, melhoramento a concretizar nos próximos doze meses.
A autarca recordou ainda que com as redes de Venade e Azevedo, será possível ligar o saneamento a Argela e Vilar de Mouros.
"Eu sei que isto custa"
Após elogiar a parceria estabelecida coma a Águas de Portugal que permitiu constituir a ADAM, da qual resultaram estes projectos a desenvolver, recordou os problemas iniciais com a sua integração no sistema de cobrança e leitura da água, bem como o substancial aumento da preço da água, porque a sua actualização progressiva nunca tinha sido levada a cabo por anteriores presidentes de câmara.
Miguel Alves reconheceu que o aumento verificado no preço da água "custa às famílias e que serei penalizado eleitoralmente por algumas delas", mas não lhe restava outra opção.
Terminando o seu discurso antes da visita ao início dos trabalhos, sublinhou a "resistência" que competia à autarquia assumir nesta época muito difícil, de modo a proporcionar a vinda de mais gente para a região, logo que a pandemia regrida, razão de terem incluído 10 milhões de euros em obras no próximo ano, e, com alguma dose de humor e esperança, disse que "tenho expectativas de estar cá no final destas obras".