O Centro de Bem Estar Social de Seixas (vulgo Casa de S. Bento) deu mais um passo em direcção ao futuro ao ver aprovada em assembleia geral a aquisição de um edifício contíguo às actuais instalações por 95.000€.
Aliás, esta reunião permitiu a Manuel Vilares, presidente da direcção, alertar os sócios para a necessidade de projectar este tipo de instituições num prazo não muito longínquo, declaração baseada na experiência recolhida com o surto de covid que assolou o lar em Outubro, mas que já se encontra debelado, como já referimos.
Este responsável por esta IPSS, insistiu que "este é o lar do passado e não o que projectamos para o futuro" que deverá corresponder a outras exigências, para as quais foram alertados por esta pandemia.
 
Manuel Vilares vincou a necessidade de "reflexionar" sobre o actual edifício, ou pensar numa alternativa a longo prazo, atendendo ao que se passou, sugestão corroborada por Manuel Carlos Falcão, presidente da AG, ao propor a convocação de uma assembleia aberta à comunidade a fim de debater o futuro deste lar que continua a ser uma referência no distrito, acentuou.
"Era objectivo de direcções anteriores"
 
Pronunciando-se com incidência sobre o imóvel, cuja aquisição os sócios acabavam de sancionar, Manuel Vilares historiou este processo que se tornara uma aspiração antiga de todas as direcções que tinham passado por esta Casa.
A casa encontrava-se desabitada há muito tempo e a sua legalização tornara-se possível há dois anos, o que permitiu a partir de então preparar a sua compra.
Os donos começaram por pedir 160.000€ e a direcção da Casa de S. Bento contrapôs um valor entre 80 e 100.000€, baseada na avaliação realizada por uma empresa especializada contratada pela própria instituição.
"Tem muito interesse para o Lar"
Este aumento do património edificado "tem muito interesse para o Lar", insistiu Manuel Vilares, atendendo a que vai permitir "transferir para o edifício todos os serviços administrativos, construir uma garagem, uma "sala de exposições" que funcionará como uma espécie de museu do espólio desta Casa, bem como uma sala de reuniões da direcção. Neste novo espaço no qual prevêem investir 2,7 milhões de euros, funcionará ainda a recepção do albergue de peregrinos, o que exigirá a contratação de um funcionário para apoio ao seu funcionamento.
"Projecto já está a rolar"
Este edifício ficará ligado à casa-mãe por um subterrâneo, o que impedirá que os utentes se molhem ou apanhem frio quando tiverem de se dirigir para as viaturas estacionadas na futura garagem. Frisou que os utentes permanecerão nas actuais instalações, não pensando em utilizar as novas dependências para lar, e que o respectivo projecto "já está a rolar", o que permite desde logo apreciar como se enquadrará. E quanto ao actual logradouro, ele permanecerá como tal, revelou ainda.
"Será uma mais-valia"
Este acto de gestão foi apelidado de "óptimo" por Manuel Carlos Falcão, após o que corroborou as palavras do presidente da direção quando este afirmara que tal objectivo era perseguido há muito pela instituição seixense.
Concluída a questão do direito de propriedade do imóvel em causa, estavam reunidas as condições para formalizar o negócio, pormenorizou o presidente da AG, o qual se revestirá num "excelente investimento para a Casa", cujo preço de compra se situou num valor "bastante abaixo da realidade", apreciou.
Os custos da obra de readaptação e renovação total serão elevados e o CBES de Seixas prepara uma candidatura do Programa Pares com uma capacidade actual de 110 milhões de euros para todo o país - "o que não é suficiente" para as necessidades das IPPS actuais, reconheceu Manuel Vilares. De modo a manter o equilíbrio das contas, a direcção tem insistido na necessidade de aumentar o número de camas, o que não tem acontecido actualmente devido às precauções a tomar por causa do vírus. Contudo, esta medida cautelar de abdicação de admissão de mais utentes implica uma perda de cerca de 1.200€/ano.
"Capacidade de visão do futuro"
 
Esta decisão da direcção e sancionada unanimemente nesta AG, mereceu igualmente o apreço do sócio Rui Ramalhosa, e gabou a "sua capacidade pela visão de futuro".
Aproveitou ainda para felicitar a direcção pelo que tem feito, nomeadamente no momento actual tão difícil, em referência à pandemia, assim como louvou os trabalhadores e "a forma como reagiram à crise vírica" que atingiu a casa de repouso, sem que os utentes tivessem necessidade de abandonar provisoriamente as instalações.
Pandemia pode criar uma derrapagem grande
Concluído o processo de compra do edifício, a questão da infecção que afectou o lar não deixou de ser abordada, referindo João Leão, tesoureiro, que até à data, gastaram 60.000€ com as medidas de protecção, higienização e pagamento de horas aos funcionários.
Foi referido que ainda aguardam pele recebimento de 7.500€ prometidos pela Segurança Social para minorar as despesas contraídas no combate à expansão do vírus, face a uma factura de 10.000€ enviada há cerca de dois meses. Salientaram que receberam 300€ da Junta de Freguesia.
A despeito desta despesa extraordinária, a direcção encara com alguma confiança o futuro financeiro que classifica de "saudável" e esperam que a candidatura para a reabilitação do edifício venha a ser apresentada até final deste mês, embora sem certezas de que venha a ser contemplada. No entanto, face ao envelhecimento da população, Manuel Vilares acredita que se a candidatura não prosperar agora, ela será viabilizada no próximo programa comunitário de apoio.
"Não baixaremos as armas"
Referindo-se ao surto vírico que atingiu o Lar, a direcção referiu que desde a primeira hora informaram os familiares dos utentes infectados do seu estado de saúde e elogiou a atitude dos trabalhadores igualmente atingidos pelo vírus, e que por tal motivo não podiam ir trabalhar, mas que se lamentavam por lhes ser impossível dar o seu contributo e auxiliar os seus colegas "com excesso de trabalho", situação que "vulnera" os próprios trabalhadores porque "baixam as suas defesas". Apesar de todas as dificuldades, "não baixaremos as armas" no futuro, vincou Manuel Vilares, dando como exemplo o facto de terem debelado a infecção em menos de um mês.
Plano prévio e presença do presidente importantes
 
A directora do Lar, Luísa Esteves, recordou que logo que a pandemia surgiu em inícios do ano, foi imediatamente gizado um plano para o combater se necessário, como veio a suceder, o que permitiu uma reacção mais eficaz, começando logo pela testagem de todos assim que uma funcionária deu positiva.
Outro factor que empolgou todos os que trabalham nesta casa de repouso, foi a presença "diária" do presidente no Lar, dando apoio e estimulando os trabalhadores.
 
O facto de terem sido contabilizadas três mortes durante o surto, levou Manuel Vilares a recordar que a média de mortes mensais de utentes ronda as três e que em relação ao sucedido neste lar, apenas um doente viu a sua situação agravada directamente com a infecção, os outros dois já possuíam problemas pulmonares.
A questão da informação na comunicação social, nomeadamente na nacional, indignou Manuel Carlos, por apenas pretenderem divulgar as más notícias, quando se necessita de boas novas (como foi o caso do fim da infecção no Lar), tendo ainda feito referência à imprensa local.
Em Dezembro, haverá eleições para os corpos gerentes, tudo apontando que no contexto actual, Manuel Vilares e a sua equipa se recandidatarão.
