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10 de Junho

Associação de Combatentes continua a dar prioridade à componente militar

A Associação de Combatentes do Ultramar do Concelho de Caminha entende que "após o 25 de Abril foi ressuscitada uma mentalidade hostil aos combatentes" e que os militares têm dificuldade em admitir que "o seu sacrifício não tem significado", afirmou Antero Sampaio, representante da associação do concelho de Caminha, no discurso de abertura das celebrações do 10 de Junho realizadas diante do Monumento ao Combatente, situado no nó de Erva Verde.

"É sempre pela Pátria que o soldado se bate"

Esta associação, ao chamar a si anualmente as comemorações do 10 de Junho, tem como propósito "honrar aqueles que deram a vida pela Pátria", assinalando que em quase todos os cemitérios repousam os que morreram em África.

Antero Sampaio lamentou que o número de antigos combatentes da década de 60 esteja a diminuir, devido ao falecimento de muitos deles, mas assume que o tema "será sempre uma realidade inevitável", apesar de os sucessivos governos terem esquecido as suas reivindicações, contribuindo para que muitos deles tenham morrido na miséria.

Estatuto do Combatente na mira

Espera que um Estatuto do Combatente agora em apreciação na Assembleia da República seja melhorado e contemple as sugestões apresentadas em defesa dos "filhos da última guerra do Império", que "fizemos a guerra como nos competia", tendo aproveitado para dizer que os americanos ainda hoje homenageiam os combatentes do Vietname. Para que tal suceda, apelou aos deputados, como foi o caso de Liliana Silva, deputada social-democrata ancorense que marcou presença nestes actos.

Antero Sampaio insistiu que não concorda com os que desertaram, e muito menos que os glorifiquem.

Esta associação refuta que apelidem a guerra de África como "Guerra Colonial" (recorde-se que Mário Soares chegou a ser preso pela PIDE por usar esta expressão), antes preferindo chamar-lhe "Guerra do Ultramar", uma designação imposta por Salazar na tentativa de mascarar uma realidade evidente em todo o mundo.

Querem um monumento na sede do concelho

O representante do Núcleo dos Combatentes de Viana do Castelo, por seu lado, disse que "nos associamos a esta cerimónia que não deve cair no esquecimento, porque homenageia os que deram a vida pela Pátria" e, aproveitando a ocasião, disse pretender a colocação de um monumento na sede do concelho, a exemplo do que já existe em Vila Praia de Âncora.

Referiu que esta era a última geração de militares e que "quase que fomos olhados como criminosos", levando-o a comungar o pedido do anterior orador em relação ao estatuto do combatente.

"Orgulhosamente sós"

A Associação de Comandos também marcou presença neste acto em que prevaleceram as referências à designada Guerra do Ultramar, e muito pouco ao 10 de Junho como Dia de Portugal e das Comunidades.

Aproveitando uma frase de Salazar, quando este ditador se orgulhava de propalar que Portugal estava "orgulhosamente só" - "uma frase que correu mundo há 70 anos", assinalou -, o antigo militar dos Comandos assumiu que os ex-militares de África "assim estão também hoje, porque fomos esquecidos, abandonados e desprezados", a par de "quererem tirar-nos o tapete".

"Merecemos o respeito de todos"

Inebriado pelo fervor patriótico, e entendendo que quem foi obrigado a ir combater para as colónias o fazia em defesa da Pátria, este antigo militar das tropas de elite do regime de então, acusou o poder actual de "querer tirar o nosso dia" e "esquecendo-se que fomos combatentes de Portugal", e como tal, "merecemos o respeito de todos", vincou.

Após marcar encontro para 2020, o ex-comando adiantou que o ministro da Defesa os tinha convidado para vários debates a fim de aprovar o Estatuto do Combatente até final deste mês.

Carlos Castro pede que perdoem

No entender de Carlos Castro, presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, os que morreram em terras africanas, "caíram por amor à Pátria" e associou-se às críticas à falta de apoio aos antigos soldados.

No entanto, teve palavras de generosidade em relação aos combatentes que estavam do outro lado da barricada, pedindo aos ex-militares portugueses presentes que "perdoeis aqueles que foram os vossos inimigos de guerra, porque estavam apenas a defender as suas terras, riquezas e famílias".

Referiu ainda que foram os militares, que 13 anos após o início da Guerra Colonial, "nos livraram do fascismo", acentuou.

"Temos um património de que nos orgulhamos"

Coube a Guilherme Lagido, vice-presidente da Câmara Municipal de Caminha, presente nesta cerimónia juntamente com a vereadora Liliana Ribeiro, em representação do Município, começar por admitir que "temos um património de que nos orgulhamos", além de ter sublinhado o Dia de Camões e das Comunidades.

Assinalou que após termos regressado ao "pequeno rectângulo" no final do século XX, surgiu uma nova realidade - a Europa - "à qual nos adaptamos" e "lutando sempre contra os profetas da desgraça, mas temos vencido". Citou os exemplos dos portugueses que em inúmeras áreas de actividade se têm destacado em vários pontos do mundo.

Lagido recordou a I Guerra Mundial para destacar os soldados que "não viram as costas ao seu dever" e citou os que "não souberam evitá-la em 1961", para concluir que "o conflito armado é a forma mais vergonhosa de resolver o problema".

"Perderam-se e atrasaram-se vidas", a par dos "traumas de guerra" gerados, em que os combatentes "mesmo assim, deram anos da sua juventude a Portugal", mas, terminou, "fizemo-lo porque tivemos grande orgulho de ser portugueses".

No final dos discursos, o representante dos comandos exigiu que a coroa de flores em memória dos militares do concelho falecidos em África fosse depositada junto ao monumento - como sucedeu em anos anteriores - e não ficasse afastada dele, como esteve para acontecer. Antero Sampaio concordou.

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