Embora o relatório final do processo disciplinar instaurado ao encarregado da Câmara e simultaneamente presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, Carlos Castro, na sequência dos acontecimentos ocorridos a 27 de Outubro de 2017 no gabinete do vice-presidente Guilherme Lagido, tivesse sido considerado uma espécie de "segredo municipal" pelo presidente do Município, não permitindo a sua revelação, nem a presença da imprensa e público na reunião da passada Quarta-feira, em que foi tomada uma decisão, o assunto não deverá ter chegado ao fim.
Câmara lacónica
Um lacónico comunicado camarário emitido logo após a conclusão da reunião camarária, dava conta da decisão tomada pela maioria socialista: "suspensão por 90 dias". Mas a execução da sanção disciplinar é suspensa por dois anos, por proposta de Miguel Alves, presidente do Executivo.
PSD justificou voto
Miguel Alves, no final da votação, não quis realizar qualquer comentário, ao invés dos vereadores do PSD (muito animados no início da reunião) que nos declararam que tinham votado contra o relatório porque entendiam que não se podia abrir um processo disciplinar a Carlos Castro, porquanto ele se tinha dirigido à Câmara nessa manhã de 27 de Outubro na qualidade de presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, e não de encarregado camarário.
O secretismo de que foi envolvido o relatório, bem como a gravação desta parte da reunião, impedem que se conheça a forma como o mesmo foi conduzido e concluído, nomeadamente a questão da faca, tema central de um caso que proporcionou um sem número de notícias que na altura deram a volta ao país.
Hackers ao ataque?
Segundo apuramos, parece existirem "hackers russos" tentando obter o relatório e a gravação da sessão camarária, não nos admirando que os mesmos, mais cedo ou mais tarde, venham a ser revelados.
Recorde-se que no seguimento do acontecimento de Outubro de 2017, foi ainda movido um processo-crime a Carlos Castro, contra-atacando este com um processo por difamação contra Miguel Alves, e outro por alegada denúncia caluniosa contra Guilherme Lagido. Os processos, em fase de inquérito, correm pelo Tribunal de Viana do Castelo por estarem envolvidas figuras públicas.
Acordo judicial à vista
É de prever, no entanto, face ao sucedido na Quarta-feira, que haverá um entendimento entre ambas as partes, pondo fim às três queixas-crime.
As nuances de um ano intenso
Será de realçar os contornos políticos vividos dias antes do 27 de Outubro de 2017, no decorrer da investidura dos órgãos autárquicos de Vila Praia de Âncora, ocorrida a 23 de Outubro, quatro dias antes, portanto, em que Carlos Castro falou de "diálogo e consenso" e de pretender melhorar as relações entre Junta e Câmara.
Contudo, alguns dias volvidos, a pretexto da iluminação na praia de Vila Praia de Âncora, foi o que se viu (?).
A partir de então, os confrontos verbais entre a Junta de Vila Praia de Âncora e a Câmara não mais pararam. As recriminações foram latentes em actos públicos, nomeadamente nas reuniões das assembleias de freguesia de Vila Praia de Âncora, Assembleia Municipal (Carlos Castro chegou a dar um murro no parlatório).
Sem esquecer os actos de vandalismo registados nos últimos tempos, com o carro e o muro da quinta do vereador danificados, tal como a parede da casa de sua irmã, a par da distribuição de panfletos anónimos tendo como base supostas conversas pornográficas através da Net, ou o incêndio do carro do presidente da Junta à porta de sua casa.Tudo meras coincidências?