Embora as trabalhadoras do Centro de Atendimento Permanente (Casa de Acolhimento "Benjamim") continuem a pugnar pela manutenção desta valência integrada na Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental há 15 anos, o anúncio conjunto feito pelos presidentes da Câmara e dessa instituição no passado dia 26, de criação de um Centro de Ocupação de Actividades para cidadãos adultos, nas antigas instalações da Escola de Vilarinho, em Vila Praia de Âncora, terá deitado por terra a luta destas funcionárias e contribuiu para desmobilizar a vigília de apoio à continuidade da Casa "Benjamim" convocada para o dia seguinte.
Após certa imprensa ter avançado na manhã desse dia (26) com o acordo estabelecido entre autarquia e APPACDM, antes que as funcionárias do CAT "Benjamim" tivessem conhecimento dele, Miguel Alves reuniu de emergência com as trabalhadoras, antes da conferência de imprensa marcada para o princípio da tarde.
Funcionárias rejeitaram solução
As funcionárias do CAT "Benjamim" terão rejeitado a solução apresentada e mantiveram a convocatória da vigília realizada junto à Torre do Relógio mas que apenas contou com a presença de cerca de 50 pessoas.
Nesse encontro com a imprensa, Miguel Alves e Luís Costa, deram a conhecer o acordo a que tinham chegado: criação de um Centro de Ocupação de Actividades no edifício da antiga Escola de Vilarinho para 30 cidadãos adultos com deficiência mental - cujas obras decorrerão por conta da APPACDM -, face à desactivação do Centro de Acolhimento Temporário "Benjamim" que albergava 12 crianças em risco. Este CAT cessará funções no final deste ano lectivo - atendendo a que três delas frequentam a primária e Jardim de Infância de Seixas e as demais a EB/S de Caminha -, após o que serão distribuídas por outros centros de acolhimento, dado que existem 30 vagas no distrito.
APPACDM assumirá obras na antiga Escola de Vilarinho
As obras deverão ficar concluídas até final deste ano e Miguel Alves considerou uma "boa resposta", atendendo a que existem detectadas 24 pessoas com deficiência mental no concelho de Caminha, além de permitir resolver outras situações. Segundo adiantou também, o CLAS de Caminha também teria aprovada a decisão, tal como a Segurança Social.
O autarca disse que apresentaram quatro hipóteses para criar o COA (Centro de Ocupação de Actividades), recaindo a escolha da APPACDM no antigo edifício da escola de Vilarinho.
Com esta opção, desaparece uma das promessas eleitorais de Miguel Alves, a de criação da Casa das Associações na referida escola, conforme o próprio admitiu na ocasião. Equacionou, contudo, encontrar outras soluções.
Só 80% das trabalhadoras com lugar assegurado
Quanto ao futuro das funcionárias, 80% poderão ir para o novo COA, caso o pretendam. As demais, não terão emprego assegurado noutros centros.
Segundo foi ainda referido nesta conferência de imprensa, nenhuma instituição de Caminha aceitou ficar com a responsabilidade do CAT "Benjamim".
Horário reduzido no COA
Luís Matos, confrontado com o facto de pretenderem abrir o COA com os 15.000€ que a Segurança disponibiliza, verba considerada insuficiente para manter o CAT e que teria contribuído para a acumulação de uma dívida de 420.000€ nos últimos 11 anos, segundo referira previamente, este dirigente precisou que as despesas com a nova valência diminuirão, atendendo a que o horário de funcionamento não é ininterrupto, mas apenas das 8H às 17H, de Segunda a Sexta. Acrescentou ainda que os familiares contribuirão com prestações para o COA.
Casa de S. Bento perde 900/€/mês
Dado que o Centro de Bem-Estar e Social de Seixas ficará prejudicado com a extinção da Casa "Benjamim", uma vez que deixará de receber uma renda de 900€/mês, a Câmara de Caminha espera poder concretizar outra área de apoio social nessas instalações, que possa vir a compensar a perda desta quantia mensal.
Vigília sem alma
No dia seguinte, realizou-se a anunciada vigília, com escassa participação de pessoas, que se dirigiram desde o Posto Náutico do SCCaminhense até junto da Torre do Relógio, onde se efectivaram diversas intervenções e foi lida uma carta enviada ao Presidente da República, pedindo a sua intervenção.
Tomaram a palavra uma antiga trabalhadora do CAT Benjamim, "o ex-vereador da acção social" Paulo Pereira, o também vereador da oposição José Presa, uma das funcionárias deste centro, a qual leu também uma carta recebida de um antigo utente deste CAT.
Escolas perdem alunos
As escolas do concelho de Caminha serão igualmente afectadas com o encerramento do CAT "Benjamim".
A Escola Primária e o Jardim de Infância de Seixas chegam ao fim de cada ano lectivo com a corda na garganta, perante a eminência de diminuição do número de inscrições e consequente encerramento destes dois graus de ensino.
Rui Ramalhosa, presidente da Junta de Freguesia - presente nesta vigília, acompanhado do presidente da Assembleia de Freguesia, João Gonçalves,tal como António Rodrigues, delegado da oposição neste último órgão autárquico - reconheceu que "a nossa presença aqui, vem também nesse sentido, porque a nossa vontade seria a continuidade do CAT "Benjamim".
O autarca vincou que o CAT "traz alunos para a escola e movimento para a freguesia", representando o seu desaparecimento "a morte de um bocadinho" da freguesia, mas devemos lutar para que a escola continue, incentivando os pais a porem os seus filhos em Seixas e ajudar a colmatar esta falha que efectivamente existe".
"Pelo menos ficou no concelho"
Perante o facto de a nova valência ir ser instalada em Vila Praia de Âncora, Rui Ramalhosa admitiu que "bem tentamos (Câmara e Junta) que não saísse de Seixas, chegando a ir à Escola de Coura e visitando as instalações possíveis na freguesia, mas não têm a dimensão necessária" para o que pretendia a APPACDM. "Pelo menos ficou no concelho", admitiu, conformado, o autarca, "porque quem tiver a infelicidade de ter um filho doente, pelo menos ficará mais perto", além de "estar garantida a integração dos miúdos da Casa "Benjamim" noutras instituições, bem como 80% dos trabalhadores.
Casa de S. Bento poderá receber outro projecto
Rui Ramalhosa congratulou-se ainda com a possibilidade de futuramente poder ser criada uma substituição do CAT por outro projecto nas instalações do Centro de Bem-Estar de Seixas", esperando que se concretize até final do ano, tendo a ver com "a mobilidade de Seixas".