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Vila Praia de Âncora

10 de Junho - Entrega de medalha
a ex-militar da Guerra Colonial

"Jovens foram obrigados a defender interesses políticos e pessoais", Carlos Castro

Os militares do concelho de Caminha cuja vida foi ceifada precocemente numa guerra sem nexo e que durou 13 anos nas antigas colónias de Angola, Moçambique e Guiné (1961-1974), foram novamente alvo de uma homenagem no dia 10 de Junho, junto ao memorial dos Combatentes situado no nó de Erva Verde (cuja praça viria a tomar esse nome).

A homenagem dos três ramos das Forças Armadas vem-se repetindo regularmente de há uns anos a esta parte, promovida pela respectiva associação de ex-combatentes da Guerra de África, inicialmente, no cemitério de Vila Praia de Âncora, e, agora, tendo como referência o monumento construído na Erva Verde.

Uma familiar de um dos milicianos mortos nesse conflito, ladeada pelo presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora e pelo presidente da Câmara Municipal de Caminha, depositou uma coroa de flores na base do monumento, após o que foi guardado um minuto de silêncio.

"Não fazia sentido aquela guerra"

Carlos Castro, presidente da autarquia local, um dos oradores da cerimónia, após ter agradecido a presença dos Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora "neste local emblemático", recordou as centenas de milhares de militares incorporados à força nos contingentes de tropas enviadas para África, "obrigados a defender interesses políticos e pessoais", no melhor da sua juventude.

Muitos deles não regressariam e outros sofreriam danos psicológicos e físicos para toda a vida, referiu o autarca, ao citar esses tempos de sofrimento para as famílias, como ainda bem se recorda, precisou.

Prosseguindo, frisou que foi em África, porém, que começou a germinar a Revolução do 25 de Abril, fruto das contradições de regime de então, e da saturação do conflito.

Disse serem hoje outras as lutas que se avizinham em defesa de tudo o que foi conquistado com o 25 de Abril.

"É o momento de outro tipo de batalhas"

Para Miguel Alves, presidente do município de Caminha, estas datas são "medonhas" pelo que representam tanto para todos os que viram partir os seus e cá ficaram, como para os que partiram.

Referiu que a sua família viveu os dramas da guerra. Primeiro, o seu bisavô que combateu em França na I Guerra Mundial, e, meio século depois, seu pai em Moçambique.

Recordou que seu pai, ao partir de Alcântara para África, não quis que algum familiar se fosse despedir dele, mas o que acabou por se tornar um suplício porque, ao olhar para o cais, não tinha ninguém em quem se fixar, acabando por se retirar para o interior do barco, chorando.

Após frisar que o 10 de Junho é o dia de "enfrentarmos os nossos fantasmas", evocou as comunidades portuguesas - a quem este dia é também dedicado -, ao partirem em busca de dias melhores.

"Reconhecimento de honra a velhos companheiros"

Antero Sampaio, ex-sargento-mor e um dos promotores destas homenagens, classificou de "exercício de cidadania" a participação na guerra, a apelidou de "patetas alegres" os "políticos que nunca foram militares", definindo a Guerra Colonial a "última guerra do Império".

Disse ainda ser agora outra a guerra, "sem armas, nem baionetas", contra um "Estado burocrata e imobilista", numa alusão às tarefas dos actuais autarcas que se tornam noutro tipo de combatentes.

Este antigo militar apelaria ainda aos professores para que tragam os seus alunos até junto deste monumento, a fim de os elucidarem sobre o seu significado.

No decorrer desta cerimónia, o Capitão de Mar-e-Guerra, António Franco, entregou uma medalha da Associação de Combatentes do Concelho de Caminha ao antigo militar em Angola, o ancorense Pedro Garcia.


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