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Caminha

Apresentado programa das comemorações dos 150 anos do nascimento de Luciano Pereira da Silva

Destaque para colóquio interdisciplinar

"O meu tio ficaria orgulhoso com esta homenagem da Escola", António Roma Torres

"Isto honra o concelho de Caminha", Paulo Torres Bento

"É um evento muito importante para a escola, professores, alunos e caminhenses", Maria Esteves

"Acção acreditada", Jorge Oliveira

É bom que possa ser recordado pelas gerações mais novas", Miguel Alves

O Agrupamento de Escolas do Concelho de Caminha, a Câmara Municipal e o Centro de Formação do Vale do Minho apresentaram na passada Quinta-feira no Salão Nobre dos Paços do Concelho, o programa de comemorações dos 150 anos do nascimento de um dos maiores vultos da vila e concelho de Caminha: Luciano Pereira da Silva.

Nome grande da ciência mundial, no campo da astronomia e matemática, Luciano Pereira da Silva ("O tio Luciano", como era recordado no seio da família, conforme assinalou António Roma Torres, sobrinho-neto do homenageado, o único descendente da família que ainda mantém um relacionamento regular com a terra "onde nasceu e morreu" esse seu ilustre familiar), vai ser objecto de uma série de iniciativas culturais e científicas a assinalar o nascimento (21 de Novembro de 1864) do "lente" da Universidade de Coimbra, conforme era apelidado em Caminha.

"É o tempo da nossa geração" promover esta comemoração, precisou o professor e historiador Paulo Torres Bento - tal como outros o fizerem há 50 anos atrás, conforme está espelhado na lápide colocada na fachada da casa onde Luciano Pereira da Silva nasceu (casa da Farmácia Torres), por ocasião do seu centenário -, ao apresentar o programa que preencherá os dias 21 e 22 de Novembro próximo.

"Conferencistas de grande nível assegurado"

De entre as diversas actividades delineadas, o destaque vai para a organização de um colóquio interdisciplinar no Cineteatro Valadares, no Sábado, dia 22, em que intervirão "conferencistas de grande nível assegurado".

Paulo Bento - ele próprio encerrará este Colóquio com uma intervenção sobre "Luciano Pereira da Silva e a Caminha do seu tempo" -, assinalaria que Luciano Pereira da Silva "não é propriamente um esquecido no concelho de Caminha", além de as suas teorias e estudos "se manterem actuais", servindo de base a muitas teses de mestrado e doutoramento.

As inscrições para este colóquio interdisciplinar, aberto a todos os docentes, podem ser feitas no site do Centro de Formação do Alto Minho, a partir de Setembro.

"Cidadão é uma referência neste concelho"

"A cultura não tem épocas", precisou Maria Esteves, presidente do Agrupamento de Escolas do Concelho de Caminha, em referência a esta iniciativa, cuja preparação se iniciou em 2010 com "eventos anuais" que culminarão com a programação acabada de anunciar, realçando as "semanas de observação astronómica" e diversas palestras, concurso escolar e a exposição com que abrirão as comemorações.

Esta professora não quis deixar de elogiar o empenho de três professores da sua escola que "estiveram na origem deste projecto" (Paulo Bento, Agostinho Oliveira e Fernando Borlido), ao contribuírem para a "abertura da comunidade caminhense a esta figura", a qual atrairá até Caminha professores universitários da Universidade de Coimbra e do Centro Ciência Viva de Constância, "parceiros" do evento, tal como a Junta de Freguesia Caminha/Vilarelho.

A componente científica do colóquio foi relevada por Jorge Oliveira, presidente do Centro de Formação do Alto Minho, afirmando ser importante para os docentes, e assegurando a acreditação para quem se inscrever.

"Novo Céu"

Um monólogo entre Luciano Pereira da Silva e Jaime Cortesão, amigos que privaram em vida, tanto na Biblioteca Nacional de Lisboa (da qual o segundo foi director), como em Coimbra e eventualmente em Caminha, serviu de base a uma dramaturgia ficcionada da autoria de António Roma Torres, médico e director da unidade de psiquiatria do Hospital de S. João, e que será levada ao palco do Valadares no encerramento das comemorações, pelo Teatro do Noroeste-Centro Dramático de Viana.

Mais ligado ao cinema (foi crítico da sétima arte no JN durante muitos anos e fundador do Cineclube do Norte), Roma Torres, sobrinho neto do Luciano Pereira da Silva, marcando presença na cerimónia de apresentação da programação, definiu esta peça de teatro ("Novo Céu") como uma "obra de expressão pessoal" tendo como referência o seu familiar em conversa com Jaime Cortesão, um dos personagens que visitavam seu tio-avô.

Nesta peça - elogiada por Paulo Bento, após leitura que fez dela -, é realizada uma transposição para os tempos de duas figuras da história portuguesa: o Infante D. Henrique e D. Nuno Álvares Pereira.

"Espero que a minha peça", escrita em alguns meses e cuja parte final foi concluída em Argela, onde o autor possui uma quinta, "não desiluda e não desilustre o programa", frisou.

"Foi uma figura marcante para mim"

Roma Torres recordou que a sua família referia a forma cordial como Luciano Pereira da Silva convivia com os seus conterrâneos, nomeadamente com os pescadores, com quem conversava sobre a vida do mar, eventualmente pela sua curiosidade pelas ciências náuticas e astronomia.

Recorde-se que Luciano Pereira da Silva teve uma morte trágica, no Terreiro de Caminha, em frente da casa que adquirira, e conhecida como Casa das Torres (tias de António Roma Torres), quando foi esfaqueado por um louco a quem assiduamente dava esmola. Ainda chegou a ser chamado o médico e professor universitário Bissaia Barreto, da Universidade de Coimbra, seu amigo pessoal, na tentativa de lhe salvar a vida, mas, sem sucesso.

"Homenagear um homem de Caminha, de nascença e morte"

A importância destas comemorações foi assimilada pela Câmara de Caminha "desde o primeiro dia em que os professores nos disseram do projecto que possuíam entre mãos", admitiu Miguel Alves, presidente do município caminhense, nesta apresentação, levando-o a "perceber que não podia deixar perder esta oportunidade", em que "se fala da vida e da ciência".

"Foi um homem de Caminha - envolvido na sua polis - que que lhe deu prestígio e importância ao país", reconheceu o autarca, após saudar os parceiros envolvidos neste projecto, em que a ciência é uma referência, ciência essa que "é uma das características da nossa terra".

Miguel Alves admitiu que após a concretização deste evento que engloba a reedição do livro "Astronomia dos Lusíadas", da autoria do homenageado - um fac-simile "anotado pelo autor", cuja impressão será paga pelo município -, Caminha ficará mais rica.

É de referir que esta obra - talvez a mais importante ou pelo menos a mais conhecida da bibliografia de Luciano Pereira da Silva - já tivera duas reedições em 1943 e 1972, só que esta nova publicação tem a particularidade de revelar as anotações à mão feitas pelo autor à edição de 1915.


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