"Velhos hábitos", sonoros e estridentes, regressaram à Câmara Municipal esta semana, mais precisamente na última terça-feira, embora com diferentes protagonistas. Um dos fornecedores de suínos foi reclamar o pagamento de cerca de dois mil euros, relativos ao programa "Semear para colher". Acompanhado pelo contabilista foi recebido por duas funcionárias, mas, como o C@2000 adiantou na última edição, nada se adiantou, porque a Câmara não paga despesas à margem da lei, ou seja, sem a imprescindível requisição.
Avelino Macedo Terra (e não Machado como por lapso escrevemos), de Vila Verde, garante que forneceu mais suínos do que o contratado porque uma funcionária do município assim o autorizou e porque foi confrontado com vales autênticos, emitidos pelo município. Levava as contas feitas e fez-se acompanhar do contabilista, não fosse haver algum engano, mas de pouco ou nada lhe serviu.
A "conversa" resultou numa gritaria entre o alegado credor e uma das funcionárias envolvidas no programa "Semear para colher", que teve como protagonista Flamiano Martins, à altura vice-presidente, mas também candidato à presidência, derrotado a 29 de setembro.
O programa e a sua suposta relação com a campanha eleitoral têm estado em discussão, na imprensa e na reunião do Executivo, e o assunto vai dar lugar a uma avaliação, como prometeu Miguel Alves, até porque, os "imbróglios" e credores não ficam pelo caso de Macedo Terra.
Flamiano Martins, por seu lado, continua a defender o programa, embora confesse que houve desvios e descontrolo. Até que ponto é que ainda não se sabe.
"Já falei de mais"
Quanto à situação do dito fornecedor, Avelino Macedo, e depois do escândalo no edifício municipal, não quer para já comentar mais o assunto ("já falei de mais", disse-nos), embora continue a reclamar os dois mil euros, de que não desiste aparentemente. O C@2000 confirmou entretanto, junto do vereador Rui Teixeira, que a posição da Câmara é a mesma de antes, ou seja, o município não pagará aquele valor.
Recorde-se que o saldo do programa de alegado incentivo ao sector primário aponta para a entrega, entre Março e Agosto de 2013, de 1162 vales de sementes, 1203 vales para aves de capoeira e 699 vales de suínos atribuídos, somando € 78 595,00.
Tendo em conta que Flamiano Martins era o rosto do "Semear para colher" e até assume que houve descontrolo na entrega de suínos, aves de capoeira e sementes, o C@2000 foi ouvir a sua opinião, perante mais este episódio, e tentar saber até que ponto está disposto a assumir responsabilidades, como por exemplo, pagar do seu bolso a quantia reclamada pelo fornecedor de Vila Verde, já que a legalidade do processo não foi garantida e Avelino Terra será mesmo, no meio de tudo isto, supostamente uma vítima.
Flamiano Martins diz que está tudo "dentro das regras"
Contudo, Flamiano Martins disse-nos que tudo se encontra "regularizado" e os vales apenas eram emitidos de acordo com as requisições prévias e tendo em conta os fundos disponíveis e as regras de contabilidade.
"Não sei o que se passa" na actual câmara, confessou o então vice-presidente e responsável pelo programa "Semear para colher", acrescentando que "já não me encontro lá dentro", embora tenha informações dos serviços de que tudo se processara legalmente.
Flamiano Martins confirmou-nos que numa primeira fase, esse programa de incentivos à agricultura terminaria em Março mas, acabaria por ser prolongado até 30 de Setembro, levando a que as requisições e os vales tivessem podido ser emitidos muito antes mas, as pessoas apenas iam levantá-los meses depois.
Acrescentou que "nunca estornei" verbas desta campanha ou "rubrica", levando-o a achar incompreensível o que se passa, embora admitisse a existência de alguns pagamentos por concretizar à data da sua saída da câmara, apesar de não se recordar qual o fornecedor credor dessas importâncias.
Sobre um eventual reembolso pessoal da verba em causa (dois mil euros), rejeitou essa possibilidade atendendo a que tudo se processara "dentro das regras", afiançou.