Desde princípios deste mês que uma dezena de moradores da Rua do Cais e outras pessoas provenientes de diferentes pontos da vila, se encontram a cortar dezenas de quilos de verdes, com os quais vão adornar o tapete floral com cerca de 230 metros de comprimento por 3,5 de largura, desde o início da rua até ao Largo de Espanha, inclusivé.
É um ritual comum a outras artérias de Caminha (Rua Direita, Rua da Corredoura, R. de S. João) e Vilarelho (Rua da Igreja Velha), pelas quais desfilará a procissão do Corpo de Deus na tarde do próximo dia 23, e que foi reavivada há mais de 20 anos pelo pároco de então, o padre David Fernandes.
Como se fosse um serão…
Durante algumas semanas, cada grupo afadiga-se nos preparativos da festa, começando pela repetitiva e cansativa tarefa de preparação dos verdes, transportados pelos serviços camarários para um armazém vazio cedido por um comerciante, no que à Rua do Cais se refere.
"Antigamente, íamos buscar o fruncho à junqueira. Só tínhamos medo das cobras…"disse-nos, sorrindo, José Luís, um veterano destas noitadas passadas entre o corte das ervas e o cavaquear entre amigos, uma forma de melhor passar as cerca de duas horas e meia que duram, em média, os trabalhos de cada noite.
Falta voluntariado
António Jorge Fernandes, um comerciante desta artéria caminhense que desde sempre se junta ao grupo desta rua, lamenta que sejam tão poucos a colaborar, embora outros optem apenas por contribuir com donativos para as despesas inerentes à preparação das alfombras multicolores.
Admite ter receios que esta tradição acabe "por falta de colaboração, porque somos sempre os mesmos e a juventude não colabora", lamenta.
Releva, contudo, o apoio camarário no transporte dos verdes para cada rua, na pintura do serrim e fitas, assim como na construção dos moldes e ferros.
Internet foi recurso
António Jorge assegura que o tapete deste ano "vai ser bonito", cabendo a ideia do desenho principal a um caminhense, enquanto que alguns pormenores que comporão a alcatifa deste ano "foram tirados da Internet"