uma história de amor
uma história de acção
um grito de dignidade
um testemunho poderoso de dois seres humanos que não se rendem ao imobilismo próprio, e sobretudo ao alheio, e que não desistem de “querer a Lua”
Uma história de amor:
Isabel Barata, 42 anos, economista, reformada por invalidez devido ao agravamento de uma osteogénese imperfeita, empenhada e activa, desde 1992, na área do voluntariado e do desenvolvimento pessoal.
Manuel Matos, 54 anos, licenciado em Germânicas, professor do ensino secundário durante 28 anos, reformado devido ao agravamento de uma doença neuromuscular severa e congénita, escritor, tradutor, co-fundador da Associação Portuguesa de doentes Neuromusculares.
Conheceram-se à distância, através de palavras, de poemas, de livros. Encontraram-se e apaixonaram-se, como milhares de pessoas, todos os dias, em todo o mundo, aspiraram a viver juntos – eis uma história simples.
Uma história de acção:
Manuel Matos nunca chegou a andar. Desde criança se habituou a ouvir dizer que “não podia querer a Lua”, mas nunca aceitou que ela estivesse fora do seu alcance. Fez coisas, lutou por coisas, conseguiu coisas, teve uma vida profissional activa e de sucesso, viajou, teve uma juventude, teve amigos, teve discípulos. Recusou-se a aceitar que não tinha direito a uma vida afectiva, a uma vida amorosa, a viver a sua sexualidade como qualquer ser humano. Apaixonou-se, encontrou finalmente a sua “alma gémea”, lutou por esse encontro, por essa vida, por esse amor.
Isabel Barata teve uma infância e uma juventude activa e normal, à excepção das cirurgias correctivas a que teve de se submeter desde criança. Após uma queda acidental viu a sua condição física agravar-se até ao ponto de ir perdendo a sua preciosa autonomia. Impedida de ter um emprego normal, vira-se para o voluntariado em IPSS e para a área do desenvolvimento pessoal. O caminho faz-se caminhando e por várias maneiras, e Isabel não pára nem se entrega. Apaixonou-se, encontrou finalmente a sua “alma gémea”, lutou por esse encontro, por essa vida, por esse amor – em seu nome reivindicou uma parte da autonomia perdida e viajou sozinha, todos os meses, de Lisboa ao Porto e volta, para estar com o Manuel.
Um grito de dignidade:
Unidos no Amor Contra a Indiferença é um grito de dignidade: uma obra subversiva na nossa sociedade acomodada e formatada, onde a diferença é tolerada desde que se comporte dentro de certos padrões e não pretenda, com é apontado constantemente a um dos autores do livro “agarrar a Lua”.
É uma história de dois concidadãos nossos – um professor e uma economista — que se recusaram a ser emocionalmente “deficientes” e a aceitar a recusa que lhes foi imposta de construírem um futuro a dois.
O futuro comum já não existe – uma vez que o Manuel Matos faleceu durante o processo de produção do livro – mas o seu último projecto em conjunto, aquele em que trabalharam e que acarinharam como veículo para fazer chegar ao mundo a mensagem da sua luta por direitos fundamentais e da sua luta pela visibilidade enquanto elementos válidos, produtivos e necessários à saúde e ao funcionamento da sociedade como um todo aqui está, prestes a tornar-se realidade com os lançamentos já programados para o Porto e para Lisboa e com a saída para as livrarias.
Convite
«Este livro não é mais um conjunto de notas que vão sendo sobrepostas até se obter um determinado edifício, não é mais um texto biográfico.
Este livro não é também um testemunho, um discorrer de acções e opiniões que por aí se ficam, no conforto das certezas pessoais. Um hino ao desejo de viver também não, nem um apelo à reflexão do leitor.
Contudo, ele também é tudo isto, arriscar-nos-íamos a dizer, como todo o produto da mente e do coração humanos que se põe em letra de forma. Ele é tudo isto e muito mais.
Em primeiro lugar, ele é um plano de encontros num mundo onde os desencontros imperam. Depois, e na ordem caótica do Universo, ele é uma elegia ao Amor e à força, à energia que dele emana; uma canção de Amor entre dois seres longínquos na distância mas que se pertencem desde além da memória... só podem pertencer; e um pouco das suas histórias; e um grito de esperança; e um grito de quase desespero; e uma reflexão sobre a afectividade e a incapacidade (ou menor capacidade) física (como os autores – um, com uma osteogénese imperfeita, o outro, com uma doença neuromuscular muito severa); e... Este livro é, em suma, o NOSSO LIVRO, que vos oferecemos para dele, quem sabe, poderem obter algumas novas perspectivas que façam das vossas vidas vidas melhores, como aconteceu connosco.
Leiam-no, é o que vos pedimos, mas sobretudo reflictam sobre o quanto aqui fica dito.
Viver é sempre o melhor que a vida tem, mesmo quando só apetece desistir. Ser feliz é obrigatório e possível, mesmo quando, para tal, é preciso derrubar ou ignorar preconceitos frios e segregacionistas, nomeadamente os que interferem com a realidade digna e inteira das pessoas com deficiência.
Amar é a única saída digna para esta vida, e a melhor estadia nela.»
Isabel e Manuel
A Isabel Barata está disponível, e cheia de energia e vontade, para prosseguir esta “luta”.