TAPETES FLORAIS VOLTARÃO A COBRIR
CAMINHA E VILARELHO

"Este ano tremeu um pouco porque as pessoas já estão saturadas", assim se referiu uma das voluntárias do corte de verdes que realizava há pouco mais de uma semana, conjuntamente com mais alguns companheiros e companheiras, nos baixos de um prédio em construção, na Rua do Cais -cujo proprietário amavelmente os disponibilizou-, em Caminha, tendo como finalidade preparar as ornamentações dos tapetes de flores que no próximo dia 26 cobrirão algumas das artérias da vila, incluindo a rua de acesso à Igreja Velha, em Vilarelho.

É a habitual azáfama preparativa do Dia do Corpo de Deus, religiosamente celebrado 60 dias após a Páscoa, e que de há dez anos a esta parte vem constituindo um pólo de atracção dos residentes e turistas, perante os tradicionais tapetes floridos, atapetando as artérias caminhenses.

Embora com menos gente do que em anos anteriores, sempre foi possível constituir "à última hora", o grupo que vai ornamentar a R. do Cais, parte de S. João e Pr. de Espanha.

CORTAR OS VERDES - A PARTE MAIS CUSTOSA

Os verdes são a parte mais morosa deste trabalho realizado pacientemente nas horas vagas, à noite, à luz de gambiarras e em amena cavaqueira de modo a ajudar a passar mais rapidamente o tempo, até que o corpo começa a pedir descanso, porque no dia seguinte há os afazeres obrigatórios e, ao fim da jornada, de novo a pintar as fitas e preparando os arbustos cortados das sebes, gratuitamente cedidos por inúmeras pessoas, cabendo à câmara transportá-los para a meia dúzia de pontos onde os voluntários se concentram.

MENOS FLORES

Este ano, surgiu outra dificuldade inesperada (a primeira foi a diminuição do número de pessoas), resultante do facto de o Corpo de Deus se realizar muito cedo, levando a que as hortênsias e rosas ainda não tenham aberto o suficiente para que as suas pétalas sejam aproveitadas na altura da festa, pelo que "há muita gente a meter nos frigoríficos as rosas que estavam para abrir", conservando-as até à noite prévia à elaboração dos tapetes, como nos disse Margarida Rio Tinto, porque há que aproveitá-las ao máximo.

É que se torna difícil calcular as quantidades exactas para cada tapete, sendo assim preferível "sobrar que faltar", sublinhou Cristina Pedra, outra das entusiastas das celebrações.

Inúmeros sacos de serrim já estavam disponibilizados e preparados a serem utilizados, cabendo à comissão fabriqueira a arcar com algumas despesas sempre inevitáveis com os preparativos, embora a câmara assuma posteriormente esses custos, tal como o faz com o transporte dos verdes.

DE TODAS AS IDADES

Aida Gravato, com 80 anos, é uma "ferrinha" destes convívios nocturnos, desde que há 10 anos se retomou a tradição pela mão do então malogrado padre David, pároco de Caminha e Vilarelho.

Mal se lembra já de idênticos festejos realizados quando ainda menina, mas tem sido regularmente fiel na colaboração prestada, admitindo que "cada um faz aquilo que pode", mas mais custoso do que o bulício próprio da colocação dos moldes, enchimento e decoração dos tapetes durante toda a noite anterior, é "este trabalho de cortar os verdes".

Mas, não fica por aqui.

A grande concentração de restos de arbustos, obriga a que diariamente, sejam revolvidos, de modo a evitar a sua "fermentação", o que além de provocar maus cheiros, os tornaria impróprios para serem utilizados, como nos chamou a atenção Margarida Rio Tinto.

Cabe habitualmente aos homens, a tarefa de "refrescar" os verdes, como o faziam dois deles, quando nos deslocámos a um dos locais de concentração.

ITINERÁRIO DESVIADO

Devido às obras em curso na R. 16 de Setembro e no início da R. da Matriz, o percurso da procissão da próxima Quinta-feira sofre uma ligeira alteração, sendo este o itinerário a percorrer pelas imagens de S. Cristóvão e S. Jorge a cavalo e pelos diferentes estandartes das paróquias do concelho: Rua de S. João, Rua Conselheiro Miguel Dantas, Rua do Cais, Largo Pêro Vaz de Caminha, Praça de Espanha, Rua Joaquim de Sousa, Praça Conselheiro Silva Torres, Rua da Corredoura e Rua da Igreja Velha.

PONTE DE CAMINHA É CADA VEZ MAIS UMA MIRAGEM
A CURTO PRAZO

Braga da Cruz, ex-presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte e antigo ministro da Economia, colocou sérias reticências do ponto de vista financeiro, à construção de uma ponte em Caminha, no decorrer de uma intervenção realizada em Viana do Castelo, na qualidade de presidente da Assembleia Regional do Norte da Ordem dos Engenheiros.

Este político referiu que uma travessia em Caminha seria dez vezes mais cara do que a ponte de Vila Nova de Cerveira, inaugurada há um ano, podendo atingir os 60 milhões de euros.

Assinalou que será mais útil para a região promover o emprego, a tecnologia e a qualificação dos quadros, do que aplicar o dinheiro em pontes, considerando seu uma "ilusão" pensar que "o futuro e o progresso se constroem só com pontes".