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TRIBUNA
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GOVERNO NOVO, PROBLEMAS VELHOS!

No passado dia 30 de Março, tomou posse, perante Sua Excelência o Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, o XXIII Governo Constitucional, liderado pelo Sr. Primeiro-Ministro, Dr. António Costa. Governo este suportado pela expressiva votação que lhe deu maioria absoluta.

É um Governo novo, mas com muitos Ministros e Secretários de Estado que transitaram o anterior executivo, como é o caso da Sr. Ministra da Saúde, Doutora Marta Temido. Para além de ser um Governo novo, trás consigo problemas velhos, que vêm de anteriores Governos do Partido Socialista e de outros, também!

Assim, com um novo Governo que mereceu a concordância do Sr. Presidente da República e com a larga maioria absoluta no respaldo do plenário da Assembleia da República, não há desculpas, nem com a "Pandemia", nem com a "guerra" nem com falta de apoio político, para que o Governo não faça e não corrija as desigualdades, as injustiças e os erros do passado, nomeadamente no SNS e com os Profissionais de Saúde, onde sobressaem, os Enfermeiros.

Podemos dizer que chegou o momento da verdade!

Sendo certo que, com a apresentação do Programa do Governo e aprovado o Orçamento de Estado, com 6 meses do ano já decorrido, pouco haverá a fazer, mas há sempre tempo para iniciar o cumprimento de promessas eleitorais, como por exemplo a reposição dos pontos de contagem de tempo aos Enfermeiros, em 2022, como afirmou o Sr. Primeiro-Ministro, se o Governo não tivesse "caído", o Orçamento chumbado e a Assembleia da República dissolvida.

" Reconhecimento da Profissão de Enfermagem como de desgaste rápido e atribuição de subsídio de risco;
" Atribuição da reforma aos 60 anos de idade;
" Abertura de concursos para Enfermeiros Especialistas e Enfermeiros Gestores;
" Colmatar as faltas de Enfermeiros nas diferentes Regiões do País, nos Hospitais, Centros de Saúde e Unidades Funcionais;

E será o momento da verdade também, para:
" Posicionamento dos diferentes Grupos Parlamentares, face às propostas do Governo, nomeadamente, para o SNS e para a Carreira de Enfermagem, e contagem dos pontos de tempo de serviço;
" Postura dos Sindicatos dos Enfermeiros, dos Médicos e da Função Pública;
" Daqui para a frente, o que dirá, o que fará e que autoridade usará Sua Excelência O Presidente da República, Prof Doutor Marcelo Rebelo de Sousa?

Como cidadão e como Enfermeiro, que acredito plenamente no SNS e nas suas virtudes, desejo à Srª. Ministra, as melhores felicidades e um bom mandato do seu ministério, ao serviço da Nação. Desejar as melhores felicidades à Srª. Ministra da Saúde é desejar que passe a escutar, respeitar e dialogar com os Enfermeiros, como Classe mais numerosa do SNS e resolva as injustiças que perpetrou até agora, numa luta política nunca antes vista. É desejar que sejam cumpridas as dotações seguras nos serviços, para bem dos Cidadãos doentes e dos profissionais, também. É desejar que deixe de haver urgências e serviços de Pediatria encerrados por falta de médicos. É desejar que as grávidas possam dar à luz nas suas regiões e não tenham que fazer 200 e mais quilómetros, para os hospitais de Lisboa, por falta de Equipas nos seus hospitais de referência. É desejar que as listas de espera de cirurgias e primeiras consultas de especialidades não sejam adulteradas e efectivamente se reduza o tempo de espera.

Permita-me Srª. Ministra lembrar-lhe que, os políticos passam e o seu poder é efémero, mas as instituições ficam. O SNS é uma instituição, já com mais de 40 anos, que merece todo o respeito, assim como os Enfermeiros e todos os outros Profissionais de Saúde, porque estes serão sempre técnicos, e são eles, que asseguram a qualidade dos cuidados prestados ao Cidadão e, por isso mesmo, merecem o seu maior respeito. É tempo de abrir o diálogo, conversações, negociações e trabalho conjunto profícuo, deixando para trás as desconfianças, os insultos, a perseguição e as difamações. Este seria o momento certo de pacificação e diálogo que aconteceria, com a responsabilidade política aumentada da Srª. Ministra da Saúde, sendo certo que esta responsabilidade política é também repartida em grande medida, para o bem e para o mal, com o Sr. Primeiro-Ministro, Dr. António Costa.

Assim, sem sofismas nem cinismo, desejo que a Srª. Ministra da Saúde possa (re)entrar, agora, com o "pé direito" no seu Ministério, e que o período de campanha eleitoral e eleições lhe tenham dado um pouco de humildade, aumentado a capacidade de ouvir e escutar os Enfermeiros e respeitar as diferenças, para uma sadia convivência democrática, em favor do cidadão que merece ser cuidado, tratado e atendido na sua dimensão holística, com um SNS à altura dos seus desígnios constitucionais. E também, porque a 7 de Março se comemora o "Dia Internacional da Saúde".

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária




Confiança. Segurança. Felicidade.

A infelicidade humana será um estado de espírito que, em última análise, afeta, gravemente, a produtividade de quem sofre deste mal e reflete-se, certamente, na competitividade das instituições empresarias, públicas e privadas, nas associações de vária natureza e fins, porque a motivação para o trabalho profissional e para a intervenção cívica, praticamente, desaparecem. As pessoas perdem a Confiança nos seus dirigentes, em si próprias e no futuro.

Com efeito: "A Confiança é reconhecida como um fenómeno emocional que predispõe as pessoas a se entregar e se abrir para trocas, o que fomenta a cooperação e a transferência do saber, encoraja-as a dizer o que pensam e experimentar sem medo de ser punidas, o que favorece a inovação; derruba barreiras defensivas e colabora com o fluir da organização. Ela pode ser a chave para navegar através da complexidade e incerteza de novos cenários organizacionais." (NAVARRO & GASALLA, 2007:67).

Admite-se que a pessoa confiante, nas suas capacidades, nos seus projetos, nos seus princípios, valores e sentimentos, tem mais possibilidade de sucesso e, correlativamente, ainda que numa atitude relativamente materialista, ser mais feliz, porque de contrário, se pensar que é infeliz, perde a Confiança, e isso pode provocar consequências negativas para as organizações, tais como: "Apatia e desinteresse; alto nível de absentismo; aumento do número de acidentes; pouca integração e cooperação entre áreas e pessoas; aumento da resistência às mudanças; pouca lealdade para com a chefia e empresa; imagem negativa interna e externa." (RESENDE, 2000:133).

A pessoa verdadeiramente humana, torna-se tanto mais confiante quanto mais Segurança sente, nas diversas dimensões da sua vida: pessoal, familiar, profissional, associativa, social e axiológica. É claro que Confiança gera Segurança e Felicidade, mas para que tal aconteça, é importante o domínio, mais ou menos profundo, de conhecimentos e possuir experiência de vida, através do estudo, do trabalho e da formação ao longo de toda a existência.

Em boa hora foi decidido, por exemplo, incorporar no Código do Trabalho Português, a obrigatoriedade de formação profissional que estabelece: "No âmbito da formação contínua, o empregador deve: Promover o desenvolvimento e a adequação da qualificação do trabalhador, tendo em vista melhorar a sua empregabilidade e aumentar a produtividade e a competitividade da empresa; (…) O trabalhador tem direito, em cada ano, a um número mínimo de trinta e cinco horas de formação contínua, ou sendo contratado a termo por um período igual ou superior a três meses, um número mínimo de horas proporcional à duração do contrato nesse ano." (Código do Trabalho, Artº 131º, in: CUNHA, et. al., 2010:390-391).

As três vertentes humanas, em título: Confiança. Segurança. Felicidade, que também se podem equiparar a um estado de espírito, muito propício ao sucesso, não sendo as únicas, constituem um bom princípio para ter uma vida excelente que, por sua vez, abre portas para novas e melhores oportunidades, nos vários contextos em que a pessoa está envolvida na sociedade. Aqui chegada, toda a pessoa tem fortes possibilidades de assumir cargos mais importantes, com mais responsabilidades, mas também com estatuto sócio-profissional e remuneratório muito mais aliciante.

Numa linha de ascensão profissional é desejado, pela maior parte dos trabalhadores, atingir a categoria máxima possível, dentro da organização, designadamente a de líder, responsável por um determinado departamento, chefiando a/s respetiva/s equipa/s de trabalho. Ora, um primeiro passo para ganhar a Confiança dos seus superiores, colegas e subordinados, é ter Humildade.

Pode-se aceitar que a Humildade é uma: "Atitude associada à competência e cumplicidade. Infelizmente, é muito comum encontrar profissionais pouco maduros, que relacionam humildade com debilidade, quando na verdade a humildade tem mais a ver com fortaleza de caráter. Numa organização a atitude de humildade implica assumir os próprios erros, reconhecer dificuldades e compartilhar sentimentos." (NAVARRO & GASALLA, 2007:79).

Acredita-se que a Humildade fortalece a Confiança, a Segurança e a Felicidade, porque ela implica uma exposição reveladora de uma auto-avaliação, que transmite aos colaboradores a falibilidade da pessoa e dos sistemas e, portanto, ninguém é perfeito, absoluto e insubstituível, bem pelo contrário.

Com esta atitude de humildade, que se pretende verdadeira (o excesso de humildade pode assemelhar-se à vaidade encapuzada), fica-se mais próximo da sociedade complexa, onde os erros humanos grassam nas pessoas e nas instituições porém, nem sempre assumidos por quem os pratica.

Confiança e Segurança são duas poderosas alavancas, para um progresso sustentável: quer na vida pessoal, familiar social e profissional; quer noutros domínios da intervenção humana na sociedade, designadamente na política e na religião, mas é preciso demonstrar, não só pela retórica mas, principalmente, pela práxis, de que estamos confiantes e seguros, para assumir determinadas responsabilidades.

Tem-se por adquirido que: "Um dos principais desejos das pessoas no trabalho é poder mostrar seus conhecimentos, aptidões, habilidades e competências ainda que nem sempre saibam manifestar isto, clara e completamente para suas chefias e lideranças. Estas, por sua vez, não possuem o preparo necessário para lidar de forma mais ampla e eficaz com aptidões, habilidades e competências dos seus comandados. A consequência inevitável disto é que as pessoas se sentirão frustradas e nunca - se a situação não mudar - estarão plenamente satisfeitas em relação à execução das suas tarefas." (RESENDE, 2000:136).

E se a Confiança e Segurança se vão adquirindo ao longo da vida, pelo estudo, trabalho e experiência, também é verdade que a sociedade, as organizações e as pessoas, estas individualmente consideradas, nos possibilitem as oportunidades para demonstrarmos do que somos capazes, porque de contrário nunca sairemos do "anonimato", ou seja: terá sempre de haver uma primeira vez, a partir da qual, e caso a nossa intervenção seja positiva, iniciarmos, com Confiança e Segurança, novas atividades.

A Autoconfiança, a Autossegurança e a Felicidade Social conquistam-se paulatinamente, testam-se frequentemente, e acabam por ser reconhecidas pela sociedade, todavia, é muito perigoso qualquer excesso daquelas atitudes, porque pode conduzir à exacerbação da própria auto-estima, manifestada em egocentrismo, narcisismo e vaidade despropositada que, por sua vez, levam, muitas vezes, à arrogância, ao orgulho e ambição desmedida, enfim, à prepotência e subjugação dos mais fracos.

Ao longo da vida, podem demonstrar-se e exercer-se, honesta e solidariamente, várias atitudes, que geram Confiança, Segurança e Felicidade, não só em nós próprios, como nas outras pessoas, e isso é muito importante e positivo, quaisquer que sejam as nossas atividades sociais, profissionais e cívicas.

A título de informação, invoque-se, por exemplo, a Generosidade. Na verdade: "A generosidade com as pessoas nos faz perceber as suas limitações, tolerar as suas dificuldades e ter paciência com o seu ritmo de crescimento; nos faz aceitar o outro como legítimo outro, o que é uma forma de amor. Se queremos receber algo do próximo, devemos primeiramente dar-lhe algo. É pena que tão frequentemente o orgulho e as razões do ego nos impeçam de fazê-lo." (NAVARRO & GASALLA, 2007:79).

Efetivamente, ao sermos generosos, estamos a revelar ao nosso semelhante: que nos preocupamos com o seu bem-estar; que desejamos para ele uma vida melhor; que viveremos sempre do seu lado, nas mais difíceis circunstâncias da vida; que ele pode contar connosco, com os nossos valores e sentimentos; com as nossas virtudes e qualidades, mas também com os nossos defeitos, erros e imperfeições; que estamos disponíveis para suportar o infortúnio e partilhar a felicidade. A nossa generosidade não terá limites, e este comportamento, seguramente, vai gerar Confiança, abertura, entrega e cooperação recíprocas.

Portanto, a Confiança, a Segurança e a Felicidade, constituem um primeiro tripé para o sucesso pessoal e, nesse sentido, é crucial abrirmo-nos aos outros, àqueles em quem realmente confiamos, que nós sabemos que têm igual comportamento connosco, porque a partilha de ideias, aspirações, desilusões, sofrimentos, desgostos, mas também de alegrias e felicidade, torna-nos mais fortes, mais motivados para concretizar projetos e dividir sucessos.

Realmente: "Se confiar é uma utopia, bendita seja. Por ela vale a pena fazer esforços e correr algum risco. A recompensa, afinal, é um mundo melhor. Mas, como qualquer outra coisa na vida, a confiança será um tema importante desde que cada um creia nisso. Eis o caminho: ir buscando e encontrando os benefícios que nos incentivam a confiar cada vez mais uns nos outros." (Ibid.:114).

É claro, numa perspetiva cética ou, se se preferir, de grande prudência, admitir-se que há certos setores em que confiar nos outros é muito perigoso, e desde já talvez não seja pejorativo apontar o mundo dos negócios, a atividade política, o envolvimento em concursos com determinados objetivos: um emprego, uma adjudicação de um trabalho, eventualmente, pormenores da vida mais íntima, aqui no contexto de um relacionamento pessoal que, não sendo bem aceite pela sociedade será, porventura, do agrado e em consonância com valores, sentimentos e emoções muito profundos, entre duas pessoas.

No limite, é necessário analisar bem em quem podemos confiar, que tipo de assuntos, acontecimentos e projetos poderemos realmente confessar, salvaguardando-se sempre a solidariedade, a amizade, a lealdade, a consideração e a gratidão, para com as pessoas que já revelaram confiar em nós. Em relação a estas, será do mais elementar bom-senso, e justa retribuição que a elas confiemos, igualmente, tudo o que nos faz bem partilhar, que ajuda a consolidar a nossa Confiança, Segurança e Felicidade.

BIBLIOGRAFIA

CUNHA, Miguel Pina, et al., (2010). Manual de Gestão de Pessoas e do Capital Humano. 2ª Edição. Lisboa: Edições Sílabo, Ldª.

NAVARRO, Leila e GASALLA, José Maria, (2007). Confiança. A Chave para o Sucesso Pessoal e Empresarial. Adaptação do Texto por Marisa Antunes. s.l., Tipografia Lousanense.

RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark.

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